Pessoal,
para vocês sugestões de filmes que abordam temas relacionados a nossa profissão.
Já vem com a análise do autor do artigo. Assitam, reflitam e elaborem as suas análises.
Sucesso!
Comissão ENADE
PERSISTÊNCIA, TRABALHO DE EQUIPE E VISÃO COMPARTILHADA
fonte: Myrna Silveira Brandão
Será que um filme sobre os pinguíns imperadores pode nos dar uma lição sobre os temas expressos no título acima? A Marcha dos Pingüins, do biólogo e documentarista francês Luc Jacquet, mostra que pode. O documentário segue o ciclo reprodutor dessa espécie de pingüins durante o inverno da Antártica, acompanhando a jornada dessas aves durante o período de um ano.
O documentário detalha minuciosamente toda a saga dos pingüins: o acasalamento, a luta pela sobrevivência, os enormes sacrifícios, a união do grupo, o entendimento para a busca do objetivo, o desafio de enfrentar o frio e a fome dos meses de espera e, em muitos casos, a morte.
A jornada acontece todos os anos, a partir de março, quando 7000 pingüins deixam a beira do oceano e atravessam 100 km até as proximidades da geleira de L’Astrolabe (Terra Adélie), onde acontece o acasalamento. O ciclo do acasalamento dura quinze dias e as fêmeas, com seus cantos, atraem os machos, que são minorias. A fêmea leva quinze dias para botar o ovo e o jejum do macho, que choca o ovo enquanto a fêmea busca comida, dura incríveis cento e quinze dias. Os ovos necessitam ser protegidos do frio e dos predadores e, quando os filhotes nascem, precisam ser aquecidos e alimentados.
No filme de Jacquet, o percurso de quilômetros das aves pela Antártica é documentado – do início da marcha para a procriação até o momento em que os pingüins retornam ao oceano – mostrando a técnica usada pelo grupo para resistir ao frio, através de uma roda de pingüins que se revezam , um esquentando o outro. São realmente impressionantes as cenas em que centenas de pingüins machos se unem espremidos para se manter aquecidos e resistir aos 40º negativos.
O documentário é tratado como uma história ficcional, mostrando a formação de um núcleo familiar, com três narradores interpretando o pingüim macho, a fêmea e o filhote.
Os desafios para a equipe
Dois cinegrafistas – Jérôme Maison e Laurent Chalet – enfrentaram o terrível inverno antártico para acompanhar todo o ciclo reprodutivo do pingüim-imperador.
Rodado no arquipélago Pointe Geologie, no sudeste da Antártica, a equipe enfrentou temperaturas baixíssimas no rigoroso inverno e ventos de mais de 200 km por hora. Para ajudá-los, tiveram o apoio da estação Dumont d’Urville, base francesa na Terra Adélie. Muito perto dessa base fica o local onde os pingüins imperadores se instalam.
O grupo voltou com 1020 horas de filmagem, ao longo de treze meses. Entre outras dificuldades, uma delas foi o tempo ocioso, pois muitas vezes se passavam dias até que os pingüins fizessem algo novo que valesse a pena registrar. Mas, como informaram seus realizadores, o mais difícil foi obter recursos para o documentário – que custou US$ 8 milhões – pois ninguém acreditava que um filme sobre pingüins poderia se transformar num sucesso tão estrondoso.
O êxito surpreendente do filme
A Marcha dos Pingüins foi recorde de bilheteria na França e tornou-se o segundo documentário mais visto nos Estados Unidos, atrás apenas de Fahrenheit 11 de Setembro, de Michael Moore. No Brasil, estreou em sessenta e seis salas, algo raríssimo para um documentário. E o filme continua numa escala avassaladora de sucesso, por onde tem passado. Além disso, ganhou o Oscar de melhor documentário da edição 2006 do prêmio.
Muitos se perguntam o que faz um filme sobre pingüins ter tanto êxito, quando inúmeros já foram produzidos e exibidos pela National Geographic, por exemplo, sem um décimo dessa repercussão.
Primeiramente, a forma como foi feito. Há uma grande diferença entre esse documentário e as reportagens sobre vida animal , onde o eixo central é sim a lógica da sobrevivência, mas com cenas do tipo lei-do-mais-forte ou mostrando os predadores nas cadeias alimentares.
Em segundo lugar, nesses filmes falta um componente essencial que é o sentimento, o amor e a solidariedade.
Outra razão do sucesso de A Marcha dos Pingüins é certamente a ousadia no roteiro, na linguagem cinematográfica e na montagem, de forma que fossem incluídas todas as cenas que, de alguma maneira, tivessem compromisso com a verdade.
Mas o principal de tudo é a mensagem que o filme passa e a lição que os pingüins dão para nós, supostamente o exemplo mais desenvolvido da espécie, pelo menos do ponto de vista da “racionalidade”.
Numa época de individualismo, vida competitiva, posições auto destrutivas de super potências, descompromisso de parte da sociedade com o meio ambiente e com os próprios seres humanos, a mensagem de um sentido de grupo e valores coletivos sólidos é muito significativa.
A Marcha dos Pingüins mostra o sentido de equipe, de comunidade, fidelidade, sacrifício para o bem de todos, laços sólidos, valorização do grupo e uma solidariedade sem limites. A força de cada um se soma e se multiplica voltando para o bem comum. Uma entrega total e um compromisso com as gerações futuras.
Impossível não vermos como metáfora para as ações humanas e pensarmos no que a sociedade está fazendo de fato para garantir a sobrevivência e o futuro de nossas crianças, nossos jovens e do nosso planeta de um modo geral.
Impossível também não desejar que essa marcha de amor e solidariedade seja um exemplo para a humanidade refletir e se desviar de sombrios caminhos que estão causando malefícios irreparáveis na preservação da nossa e das outras espécies.
Temas
Assunção de risco, busca do objetivo, criatividade, equipe, ética, futurismo, humildade, inovação, meio ambiente, persistência, sentido de grupo, solidariedade, trabalho de equipe, valorização da vida, visão compartilhada.
UMA HISTÓRIA EMOCIONANTE E SENSÍVEL E HUMANISTA
fonte: Myrna Silveira Brandão
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, tem comovido os espectadores, nos locais onde já foi mostrado.
O filme – que foi selecionado para a mostra oficial do 57º Festival de Berlim, depois de nove anos ausente da mostra competitiva – é ambientado nos anos 70, na época da Copa do Mundo no México e no auge da ditadura militar. Nesse contexto, conta a história de Mauro, um garoto de 12 anos que de repente é exilado de sua família e precisa conviver como um estrangeiro e numa cultura com hábitos e costumes que ele desconhece.
Os pais de Mauro são perseguidos pela ditadura militar da época e obrigados a “sair de férias” por uns tempos. Enquanto isso, o menino tem que se virar sozinho e tentar entender as repentinas transformações ocorridas em sua vida.
A idéia de realizar o filme surgiu quando Hamburger estava na Inglaterra e ficava incomodado com o clichê e os estereótipos que muitos estrangeiros tinham do Brasil.
“Para eles, o país era uma espécie de selva, com índios pela rua, carnaval o ano todo, futebol, favelas e pobreza. Então achei importante fazer um filme que falasse das diferenças éticas e culturais, dos imigrantes, do exílio, enfim de outros temas que eles não consideravam”, afirma.
Hamburger é filho de mãe católica com pai judeu alemão, que veio para o Brasil com a Segunda Guerra. Além disso, é um apaixonado por futebol e, num período de sua vida, foi goleiro. Tudo isso faz com que o filme tenha muito a ver com sua experiência pessoal. Mas para o diretor, seu filme não se resume somente à memória.
“É a história de uma criança que de repente fica sozinha em um local estranho e que tem a ditadura como elemento opressor. E no meio do seu sofrimento, tenta encontrar afeto e alegria num ambiente de muita solidão e opressão”, esclarece.
O filme procura fazer uma analogia com a chegada de Mauro na comunidade judaica – como um estrangeiro chegando num local desconhecido – e a fuga dos judeus no holocausto. E ao fazer isso, aborda, com muita inteligência, a possibilidade de misturas culturais e étnicas e a busca da coexistência pacífica, uma forte característica da cultura e dos costumes brasileiros.
O trabalho dos atores é muito bom, principalmente o de Michel Joelsas, que interpreta Mauro e da ótima Daniela Piepszyk, como a menina Hanna, amiga do garoto, papel que marca sua estréia no cinema.
A escolha do ator mirim foi um processo demorado com a realização de 1200 testes, até chegar a Joelsas. Quando iniciou o filme, o garoto tinha 12 anos, estudava numa escola da comunidade judaica e nunca tinha pensado em ser ator. Em seu primeiro papel, demonstrou um excelente desempenho, conseguindo expressar toda a angústia do personagem ao ser repentinamente abandonado pelos pais e, ao mesmo tempo, conservando a inocência e a alegria das crianças de sua idade.
O fato de a história ser mostrada através de um olhar infantil, dá um quê de universalidade ao filme. E a questão das reações e comportamentos que marcam a infância é muito bem colocada, fazendo com que o filme tenha uma enorme empatia com os espectadores, já que essa é uma fase da vida importante para todo o mundo, seja para o bem ou para o mal.
A metáfora de uma vivência no exílio, o perfeito equilíbrio entre os lances históricos e o os dramas humanos e, acima de tudo, a extrema simplicidade com que é a história contada, fazem de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias um filme altamente emotivo, mas que, em nenhum momento apela para argumentos piegas ou falsos sentimentalismos. Se o sentimento existe, se deve à bela e emocionante história mostrando os pequenos e grandes dramas que podem afligir a humanidade. E como o ser humano tem uma incrível capacidade de superá-los.
UMA HISTÓRIA REAL DE HEROISMO E SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS
fonte: Myrna Brandão
Quando o filme Hotel Ruanda, de Terry George foi lançado no Festival de Berlim, uma platéia comovida recebeu com aplausos o diretor e parte do elenco liderado por Don Cheadle (Traffic).
O filme – agora disponível no Brasil em DVD – é a história real de Paul Rusesabagina, um gerente de hotel que em 1994 salvou milhares de pessoas durante a carnificina da guerra civil entre as tribos rivais dos Hutus e os Tutsis.
Paul é Hutu e sua mulher é Tutsi. Ele havia sido treinado na Bélgica para administrar o hotel quatro estrelas Mil Colinas, localizado em Kigali, capital da Ruanda, quando a tensão secular crescente explodiu em uma guerra total. Durante cem dias, perto de um milhão de pessoas morreram baleadas, queimadas ou esquartejadas, num dos massacres mais sangrentos de todos os tempos e que a comunidade internacional fez muito pouco para evitar ou sequer tentar interromper.
Num comportamento que já foi comparado ao episódio tratado em A Lista de Schindler, Paul escondeu na propriedade 1200 Tutsis, entre eles alguns empresários e políticos, que seriam os primeiros alvos dos Hutus.
Na coletiva com os jornalistas, George falou do que mais o atraiu para realizar o filme: “ é uma história humana com forte fundo político”, afirmou.
Na verdade, é a história de uma alma humanitária tentando superar a si mesmo para salvar vidas, e traz a público, de forma contundente, uma enorme tragédia que passou praticamente despercebida aos olhos do mundo.
George – roteirista de Em Nome do Pai, de Jim Sheridan e diretor de Mães em Luta, sobre a história recente da Irlanda do Norte – enfrentou alguns obstáculos para realizar seu filme.
“Entre os mais de 10 mil figurantes, havia na equipe congoleses, ruandeses, sul africanos e outros grupos étnicos com fortes divergências entre si”, contou George, complementando que foi necessário pacificá-los para superar algumas tensões.
Don Cheadle se supera como ator, dando uma notável credibilidade ao papel de Paul e sua luta intensa para manter aquelas pessoas dentro do hotel – com os suprimentos acabando e membros de seu staff se revoltando – e ao mesmo tempo, administrar a situação decorrente da violência brutal lá fora, onde quase um milhão de africanos estavam sendo sacrificados. Com muita justiça ele foi indicado ao Globo de Ouro para melhor ator, bem como Hotel Ruanda para melhor filme.
Nick Nolte faz o coronel americano que vê o que está acontecendo, informa aos seus superiores, pede ajuda para parar o massacre e é ignorado. Como a história é real, fica a mensagem de que também as Nações Unidas não avaliaram devidamente o terrível genocídio que estava acontecendo ali.
Apesar dos dez anos decorridos, o trauma ainda vivo na mente da população fez com que a idéia inicial de locar o filme em Ruanda fosse mudada.
“Preferimos transferir para Johannesburgo. Além da ausência de infra-estrutura no País, a tragédia está muito presente na memória de seus habitantes; seria uma decisão equivocada rodar o filme lá”, avaliou o diretor, acrescentando que, por outro lado, a lembrança do massacre foi paradoxalmente um ponto importante para a superação de muitos obstáculos na realização do filme.
Hotel Ruanda é um filme muito importante e precisa ser visto por todos que, de uma forma ou de outra, priorizam os seres humanos em suas ações e atividades. Não apenas para mostrar como uma única pessoa pode fazer a diferença e minorar uma tragédia coletiva, mas também para lembrar que a indiferença mundial para o problema – além de perdurar na região, onde refugiados de Ruanda e outros países do continente mantém suas divergências num barril de pólvora que pode voltar a explodir a qualquer momento – ocorre igualmente em outras esferas do cenário mundial.
Os Incriveis
SUPER-HERÓIS OU TALENTOS COMPARTILHADOS?
por: Myrna Silveira Brandão
Os Incríveis, dirigido por Brad Bird , é um clássico filme de heróis com super poderes, alter egos, arquiinimigos, enfim tudo o que caracteriza o tema está lá. Mas a grande sacada é que ele mostra que não é preciso ser um predestinado ou ter super poderes para ser um herói, basta ter talento, desenvolvê-lo e principalmente compartilhá-lo.
A história segue as aventuras de uma família de ex-super-heróis: Bob Parr, sua esposa Helen Parr, uma mulher elástica e seus três filhos estranhos – os jovens Violet e Dash, e um bebê.
Parr era um dos paladinos da luta contra o crime, vivia combatendo o mal e salvando vidas. Um dia ele e sua família são obrigados pelo governo a adotar identidades civis e a se mudar para um bairro do subúrbio. Em resumo, devem se tornar pessoas aparentemente normais.
Parr vai trabalhar como funcionário burocrata em uma companhia de seguros e Helen se torna uma pacata dona de casa. Os dois filhos maiores fazem um tremendo esforço para parecerem normais.
Lutando contra o tédio e louco para voltar à ativa, Parr não deixa escapar a chance quando recebe um comunicado misterioso para uma missão ultra-secreta.
O filme é produzido pela Pixar, empresa que tem sido um verdadeiro Midas em matéria de animação digital e esse é mais um tento que ela marca na sua escalada no mundo dos desenhos animados.
Num risco assumido de abandonar a fórmula original e já batida de personagens reproduzindo brinquedos de plástico e bonecos de pelúcia, a empresa que encantou o mundo com Procurando Nemo, voltou a inovar ao lançar o primeiro filme de estúdio com protagonistas “humanos”.
Engraçado e envolvente, é um filme para crianças dos 8 aos 80 e parece ter trazido de volta o gosto compartilhado por pais e filhos, ou seja, a diversão conjunta para todas as gerações, cada uma, é claro, vendo e interpretando a história à sua maneira. Com isso, além de esbanjar criatividade na criação da história, resgata a importância da união e da auto-estima que uma família bem estruturada detém.
Ao lado disso, o filme explora também vários outros aspectos: a crise da meia idade, a satisfação no trabalho, o tédio de fazer o que não gosta, a responsabilidade social daquele que detém poderes, a necessidade de aceitação do diferente, o envolvimento com a coletividade.
Bird diz que quis enfatizar o lado humano dos personagens possibilitando que o público se envolva com os dilemas emocionais e morais que eles vivem. “No fundo eu via Os Incríveis como uma história sobre uma família aprendendo a conciliar suas vidas individuais com o amor que sentem uns pelos outros”, revela, complementando que é um filme sobre super-heróis descobrindo seu lado mais humano e banal.
Em última análise, Os Incríveis mostra que a verdadeira origem da força da família de ex super heróis, é a união entre eles.
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